Com a moratória à exploração em águas profundas nos EUA, que vigorava desde 27 de maio, em virtude do vazamento de petróleo na plataforma da British Petroleum (BP) no Golfo do México, grande parte das atenções mundiais do setor se voltaram para o Brasil. O país foi encarado como uma nova fronteira e ganhou mais importância no cenário global, mas essa situação de destaque internacional pode se normalizar agora que o governo de Barack Obama suspendeu a proibição da perfuração de poços em grandes profundidades.
A liberação foi dada no último dia 12, sete semanas antes do prazo previsto pelas autoridades. O argumento utilizado pelo governo foi de que o risco de um novo acidente já está minimizado pelas novas medidas de segurança recém-adotadas. "O setor de gás e petróleo irá operar sob regras mais rígidas, maior supervisão, e num ambiente regulatório que irá permanecer dinâmico enquanto continuarmos a ampliar as reformas que já implementamos," disse em nota o secretário do Interior, Ken Salazar.
No entanto, a suspensão da moratória que já durava seis meses não garante a retomada imediata das perfurações, uma vez que as empresas terão de se adequar às novas regras e provar que estão prontas para cumprir todas as novas exigências quanto à reação a possíveis acidentes. Mas, segundo analistas do mercado, ainda levará meses ou anos para que o setor volte ao mesmo ritmo de antes do desastre da BP. Prova disso é o fato de que companhias especializadas em perfuração de águas não-profundas têm se queixado da demora nas autorizações, mesmo não exercendo sua atividade dentro do mesmo escopo das que trabalham em grandes profundidades.
Caminho inverso
Do outro lado do Atlântico, no Velho Continente, a Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), caminha na direção contrária aos EUA, adotando uma postura mais cautelosa, através da proposta de suspensão de qualquer nova exploração de petróleo em águas profundas. A medida visa aguardar o resultado da investigação do acidente no Golfo do México, envolvendo a BP. Apesar de ter sido vetada no Parlamento Europeu, sob a forma de uma proposta similar, o assunto ainda é motivo de debate na Europa.
A ação que será apresentada pelo comissário de Energia da UE, Guenther Oettinger, pode respingar no mundo todo, inclusive no Brasil, na medida em que pode pressionar investidores que estejam procurando projetos de exploração de petróleo em diferentes localidades. Hoje, existem cerca de mil operações de exploração no Mar do Norte, cerca de cem no Mar Mediterrâneo e planos para a exploração nas costas do Chipre e de Malta.
Fonte: Nicomex Notícias – Redação