quarta-feira, 23 de abril de 2014

O futuro da Petrobrás em jogo. Qual o papel do movimento sindical diante da crise?

A Petrobrás está em todas as capas de revista e jornais do país. E não é por uma boa razão: o gancho são as inúmeras denúncias de corrupção envolvendo a alta direção da companhia. Diariamente, surgem novas informações sobre negociatas. Pasadena, Renest, Comperj, rombo com a importação de derivados, e, mais recentemente, contratos da UTE-Piratininga estão no foco de investigações e denúncias.
A velha direita, buscando espaço eleitoral na base do vale-tudo, explora e estimula a crise. De quebra, relembrando o período nebuloso de FHC, aproveita este fato como justificativa para facilitar a defesa da privatização da companhia. Mas precisamos lembrar que, infelizmente, alguns fatos não foram inventados. Tanto é que a denúncia sobre Pasadena foi feita por nós em 2012, no mandato de Silvio Sinedino, e depois “esquecida” pelo representante da FUP que o sucedeu no C.A.
E foi “esquecida” não foi por acaso. Os atuais gestores da empresa são ligados justamente aos mesmos partidos que sustentam politicamente a FUP. Jogar a sujeira para debaixo do tapete, como querem os governistas, não ajuda; estão, na verdade, blindando o governo e não a companhia, não os trabalhadores petroleiros.
Essa política fragiliza ainda mais a Petrobrás! Por isso, afirmamos: não há defesa consequente da Petrobrás sem um movimento sindical independente! Defender a Petrobrás não é esconder os erros; é denunciá-los sempre com a defesa por uma Petrobrás 100% Estatal, com a defesa pela prisão de corruptos e corruptores. Nosso papel é atuar com independência.
Neste momento, a pergunta fundamental é: quem joga contra a Petrobrás e quem a defende? No campo dos inimigos, em primeiro lugar, a oposição privatista com apoio da mídia. Demo-tucanos que comandaram a Petrobrás durante o governo FHC e quebraram o monopólio, congelaram os concursos, geraram tragédias como P-36 e acidentes ambientais gravíssimos. Os mesmos que agora surgem, “combativos”, com o discurso da CPI da Petrobrás, mas que não querem investigação do “trensalão” e do Porto do Suape.
No mesmo time, podemos situar o Governo Federal e a presidente Dilma (PT), apoiada e eleita pela categoria petroleira, mas responsável direta pela privatização do Campo de Libra, sendo também diretamente responsável pelo descalabro administrativo. Além de penalizar os trabalhadores por meio do Procop.
Lula tampouco revogou a quebra do monopólio ou reestatizou a empresa, com a incorporação das subsidiárias como a Transpetro, além de ter loteado cargos para ex-sindicalistas da FUP e partidos da “base aliada”
No campo da defesa da Petrobrás, estamos nós petroleiros(as), que não temos nenhuma responsabilidade sobre disputas eleitorais partidárias. Somos responsáveis, sim, pelo crescimento da empresa e por seus inúmeros recordes, revertidos (infelizmente) aos acionistas.
Construímos esta empresa com nosso trabalho, submetidos a riscos de acidentes e com salários e direitos rebaixados. E conosco os movimentos sociais e outras organizações de trabalhadores e estudantes que defendem que o “O Petróleo Tem Que Ser Nosso” e uma Petrobrás 100% Estatal, sob o controle dos(as) trabalhadores(as).
Nenhuma CPI deste Congresso corrupto e fisiológico irá resolver o problema. Qualquer investigação independente só poderá ser realizada, além das instâncias policiais e do judiciário, por uma administração gerida por petroleiros(as) eleitos nas bases e um Conselho de Administração com ampla participação popular. Não podemos deixar que a defesa da Petrobrás seja levantada por oportunistas e eleitoreiros.
O movimento sindical independente do governo, da empresa e dos privatistas deve exigir: apuração e punição a todos os responsáveis pelos ataques à Petrobrás. Não defenderemos “A” ou “B”, todos com mãos sujas e telhado de vidro. Corruptos e corruptores devem ir pra cadeia. Trabalhadores, sindicatos, federações devem estar unidos. O que nos inspira é lutar pela Petrobrás a serviço da classe trabalhadora.
Fonte: FNP

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