terça-feira, 28 de setembro de 2010

Petrobras se torna a segunda maior petroleira do mundo

As novas ações saíram a R$ 29,65 (ON) e a R$ 26,30 (PN), com desconto em relação ao preço de hoje na Bolsa.
Surpreendentemente, as ações da estatal disparam hoje; a expectativa era que desabassem mais. Os papéis ON terminaram o dia a R$ 30,25 (alta de 1,92%), e os PN, a R$ 26,80 (3,16%).
A interpretação foi que os grandes investidores não conseguiram levar integralmente os papéis que fizeram reserva e tentavam, hoje, comprar as ações antes de uma possível alta.
Neste ano, as ações chegaram a cair 20%. O preço na oferta é fixado com base na demanda dos grandes investidores, que pedem um “desconto” para não comprar os papéis na Bolsa.
Também surpreendeu a entrada de pequenos investidores do varejo, incluindo os que puderam utilizar recursos do FGTS (só podia quem entrou em 2000). Os coordenadores acreditam que 400 mil pessoas possam ter participado da oferta. Amanhã, será divulgado se houve rateio de ações no varejo.
A adesão foi tão alta que há dúvidas se a União conseguiu, de fato, ampliar de 34% para 50% sua participação na Petrobras.
Se não atingir a meta (jamais declarada) de obter 50% da Petrobras, a União poderá levar como “prêmio de consolação” dinheiro vivo do mercado, ajudando a fechar as contas do Tesouro neste ano. Isso porque a operação prevê a cessão de R$ 74,8 bilhões em barris de petróleo que serão “trocados” pelas novas ações; se não comprar tudo isso em ações, poderá levar o restante em dinheiro.
Capitalizada, a Petrobras terá recursos para deslanchar seu plano de exploração no pré-sal, uma das últimas reservas conhecidas de petróleo no mundo.
A estatal deixa ainda a condição desconfortável de empresa no limite de endividamento — a Petrobras corria risco de perder a avaliação de “grau de investimento”, espécie de selo de bom pagador.
Com o preço definido, os novos papéis são distribuídos imediatamente e começam a ser negociados amanhã na Bolsa de Nova York. O presidente Lula comandará a festa hoje na BM&F Bovespa com direito a discurso nacionalista, apesar de os papeis só estrearem no Brasil na segunda.
A preocupação dos bancos é que, se atender toda a demanda do mercado, os fundos não terão porque comprar os papeis na Bolsa, ocasionando a baixa das ações. Tudo o que o governo não quer é que as ações caiam na estreia, o que significaria um fracasso na visão do público geral.
A possibilidade de queda das ações, porém, não é descartada. Alguns fundos de investimento não aderiram à oferta, alegando que poderiam comprar mais tarde os papéis por um preço menor na Bolsa.