O início da última semana foi marcado pelo anúncio dado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) sobre a descoberta da segunda maior reserva de petróleo do país, atrás apenas do megacampo de Tupi. Estima-se que a reserva do novo campo, batizado informalmente de Franco, possui 4,5 bilhões de barris. Localizado em área ainda não licitada pelo governo, o campo de Franco poderá ser utilizado para a realização da operação de capitalização da Petrobras, na qual a União cederia à estatal o direito de exploração em uma troca indireta por ações da companhia.
Segundo comunicado da ANP, a conta foi feita utilizando padrões de cálculo semelhantes aos usados pela Petrobras em Tupi, o que ampliou o volume de reservas com relação a projeções internas anteriores, que ficavam na casa dos dois bilhões de barris por dia. “A avaliação levou em consideração os mesmos padrões de cálculos adotados para a acumulação de Tupi, da Petrobras”, informou a Agência, referindo-se ao 1º poço da região do pré-sal, considerado o maior campo de petróleo descoberto no mundo nos últimos anos, com reservas recuperáveis entre cinco bilhões e oito bilhões de barris. “Parece tratar-se de um dos poços de maior potencial já perfurados no País”, disse o diretor geral da ANP, Haroldo Lima, para quem a descoberta “aumentaria o otimismo do governo brasileiro em relação à região”.
“Parece tratar-se de um dos poços de maior potencial já perfurados no País”
O impasse sobre a votação dos quatro projetos que criam o marco regulatório do pré-sal também foi tema nos principais noticiários do país. Tudo porque ainda não há acordo, embora o DEM já acene com a possibilidade de aceitar a proposta do governo de tirar a urgência constitucional para votar até o início de junho todos os projetos, exceto o dos royalties (que ficaria para depois do recesso eleitoral), seguindo um cronograma preestabelecido. A confusão continua exatamente porque o PSDB não cedeu e agora diz que só faz acordo se puder votar tudo, inclusive royalties.
Já no final da semana, a Agência Internacional de Energia (AIE) divulgou que considera a possibilidade de ocorrer atrasos na exploração das reservas do pré-sal exatamente por conta do impasse na votação do novo marco regulatório. A AIE estima ser "improvável" a concretização do plano do presidente Lula de ver os quatro projetos de lei do novo marco aprovados pelo Congresso antes da eleição presidencial de outubro, na medida em que as atenções se voltam para a campanha eleitoral.
A entidade nota que o debate ainda é intenso sobre os planos de capitalização para a Petrobras, pelos quais diz que o governo cederá cinco bilhões de barris de reservas a serem desenvolvidas pela empresa, permitindo-lhe levantar capital, além da proposta de torná-la operadora obrigatório de todos os novos campos. O pré-sal, diz a AIE, é a "mais significativa fronteira do óleo desde o desenvolvimento no Cáspio" e uma "das poucas oportunidades atrativas nas quais as companhias internacionais de petróleo podem investir". Em relatório divulgado na última semana, a agência nota em todo caso que a produção de petróleo no Brasil aumenta de maneira constante e que deve atingir quase 2,7 milhões de barris/dia este ano.
Por Beatriz Silva (NICOMEXNOTICIAS